Art.04 - A História das Camisetas
Para tratar do início da trajetória das camisetas
voltaremos a antiguidade para falarmos da Camisia, uma prima
distante tanto da camiseta quanto da camisa.
Na realidade não se existe consenso sobre quando se
iniciou essa trajetória, o fato é que o nome “Camisia” foi dado para a
vestimenta utilizada como “roupa de baixo” pelos romanos e sua função era
proteger as túnicas e trajes do suor e da sujeira corporal, afinal não havia
técnicas de lavagem de roupas e as pessoas não costumavam tomar banho com a
regularidade que se toma hoje.
Durante toda a idade média a Camisia acompanhou a
trajetória humana, continuou servindo como roupa de baixo da nobreza, mas
também passou a servir como peça principal para camponeses e trabalhadores
braçais. Até então eram peças largas, geralmente de linho em cor natural, com
uma grande abertura no pescoço e invés de botões, utilizava-se cordões para
fechar.
A malha de algodão, principal matéria prima das
camisetas de hoje, vem ganhar força apenas após a revolução industrial do
século XVIII, com a invenção de máquinas para a produção em grande escala. A
trajetória da Camisa e da Camiseta viria se separar pouco tempo depois, no ano
de 1871 a empresa Brown, Davis & Co. registrou a “Camisa”, peça de algodão
que abotoava toda pela frente e revolucionou a vestimenta masculina, e como
“undershirt” ou peça de baixo, acompanhou o surgimento de uma espécie de
ceroula, uma peça que se vestia pelas pernas, com botões na gola e que cobria
todo o corpo, usada como roupa íntima ou para proteger do frio.
Alguns anos mais tarde, devido ao calor que as
ceroulas (unionsuits) causavam, os trabalhadores americanos passaram a cortar a
peça ao meio para poder tirar a parte superior sempre que quisessem.
Foi aí que a PH Hanes Knitting Company lançou sua
própria versão, separando as peças em parte de cima e parte de baixo.
Mas havia outra questão, nesta época, costurar
botões era um afazer destinado as mulheres e como as undershirts eram muito
usadas era natural que precisasse de manutenção, portanto a necessidade de
costurar botões que se soltavam tornou-se um problema para os solteiros, e por
isso, em 1904, a Cooper Underwear Company anunciou a Bachelor Undersuit ou “A
Peça de Baixo do Solteiro”. E aqui meus amigos, nasce a nossa querida camiseta.
A Bachelor Undersuit passou então a ser largamente
utilizada pela Marinha dos EUA, que empregava muitos solteiros. A alternativa
foi tão bem aceita que em 1913 a camiseta branca de manga curta de algodão
passou a ser a roupa de baixo oficial da Marinha Americana.
Ao passar do tempo, durante treinamentos ou devido
ao calor extremo em determinadas ocasiões, os marinheiros podiam usar apenas as
camisetas, sem a necessidade da jaqueta da farda, a critério do seu oficial
comandante, e durante a Primeira Guerra Mundial (1914 a 1918), o uso das
camisetas brancas de manga curta se espalhou por todas as forças armadas dos
EUA e da Europa. No entanto, para a sociedade comum, a camiseta ainda seguia
sua trajetória como uma peça íntima e isso ainda demoraria para mudar.
Alguns anos depois, na Década de 1930, a
Universidade da Carolina do Sul passou a fornecer camisetas a seus jogadores de
futebol, com a finalidade de evitar que as proteções machucassem a pele. A
equipe adorou a ideia e os alunos logo passaram a usá-las no campus como forma
de ostentar seu status de “jogador”. Mesmo assim, a camiseta seguia subjugada
perante a maioria da sociedade, sendo utilizada apenas em crianças, por
soldados nas bases, pelos estudantes nos campus e por trabalhadores braçais de
baixa renda e fazendeiros.
Veio a década de 40 e com ela chegou a técnica da serigrafia - acredita-se que uma capa da revista americana LIFE, em 1942, seja a primeira publicidade com camisetas serigrafadas da história - A foto estampava um soldado com a logomarca da escola militar americana. Já no final da década de 40 e início da década de 50, com o desenvolvimento do marketing americano, a camiseta ganharia status de painel publicitário, com a campanha do candidato político Dewey (1948) e a estampa do personagem Mickey da Disney desenvolvida pela empresa Tropix Togs (1950).
No entanto, a camiseta só cairia nas graças da população em 1951, quando o cinema apresenta pela primeira vez na história a peça nas telas, com a estrela Marlon Brando em "Uma Rua Chamada Pecado". O ator aparece apenas com uma camiseta justa e com mangas curtas, um ato de provocação e sedução em rede nacional, impensável à época.
Ao mesmo tempo, estourava nos EUA os movimentos
políticos e ideológicos da contra-cultura, a chamada new left revolucionou o
mercado e a cultura americana, especialmente com as bandas de rock e os
movimentos sociais como o Woodstock e o famoso lema “faça amor não faça guerras”. Percebendo o
potencial publicitário das camisetas básicas, diversas empresas, políticos,
bandas e grupos artísticos passaram a divulgar seus slongans, logomarcas e
dizeres estampados nas camisetas. Dali em diante a camiseta se tornou um
símbolo dos jovens da contra-cultura e um instrumento poderoso para a publicidade e explodiu em
popularidade.
Mais à frente, na década de 70, ainda impulsionada
pelos movimentos de esquerda, em especial o feminismo, as camisetas se
tornariam unissex, até então não era usual que mulheres vestissem este tipo de
peça. Já na década de 80 notaremos o início da “cultura da ostentação” com o
movimento Yuppies. Essa denominação era atribuída a geração de jovens americanos da época,
consumistas e focados em suas carreiras profissionais, buscavam vangloriar-se de
sua capacidade financeira e cargos empresariais e para isso estampavam as
grifes de suas roupas.
Dali em diante, devido ao surgimento da internet, a
crescente tecnológica e a globalização, os EUA exportam sua cultura para todo o
Ocidente e o Brasil se torna grande consumidor das músicas, cultura e moda
americana. Foi nessa época, então, que a camiseta se tornou popular em nosso
país.
Continuando sua trajetória, a moda dos anos 90
passa novamente a refletir a geração americana, os Grunges surgem como resposta
aos Yuppies. Os Grunges, rebeldes e desencaixados, popularizaram as calças
rasgadas e as camisetas largas. A ideia era contrariar os Yuppies que estavam
preocupados com suas vidas profissionais e sociais. Vieram os anos 2000 e com
eles a cultura do Rap e do Hip-Hop, a moda passou a ser Calças e Camisetas
extremamente largas e comprimidas, representação do Guedo e dos Suburbios americanos. E de 2010 pra cá nós temos visto os reflexos
dos últimos três movimentos somados ao surgimento da cultura Eco, dos jovens preocupados
com o meio ambiente. Como você pode ver, essa é a formação básica da moda
masculina atual. Poderíamos dizer que a influência das culturas americanas dos
anos 1980 até aos anos 2010 formaram a indumentária da nossa atualidade e é por
isso que usamos tanto a camiseta nos dias de hoje.
Também podemos observar que a moda acompanha, ou melhor, é um dos indicadores sociais dos movimentos culturais de cada época. Portanto, se você quer saber qual será o próximo passo da trajetória da nossa sociedade, preste atenção nas músicas e nas roupas, são excelentes indicativos.
A Sage Concept trabalha para que você perceba a influência das roupas no desenvolvimento social e lhe oferece o que julgamos ser a melhor opção para a formação da sua personalidade. No caso das camisetas são peças básicas, geralmente em tons sóbrios e com modelagem levemente ajustada. Você pode conferir aqui as nossas peças.